quinta-feira, 24 de julho de 2008


Não é só de lamentos que se faz esse blog, e não são lamentos! são excamações: olhe, veja e sinta, reflita e ação! Bueno, agora vamos comemorar porque de brindes também se faz a nossa breve existência. Sabemo que a mídia no Brasil é perversa e esta sempre atrelada aos conchavos do poder, seja com políticos seja com a igreja ou ainda os grandes empresários do país.


A televizão, o rádio, as revistas, os jonrais e agora a internet servem para mentir, enganar, falsear e manipular em nome de interesses de poucos e não em nome dos interesses do povo brasileiro!


Contudo, graças aos deuses, sempre há aquele que foge a regra, oxalá ainda existe à contracorrente. Claro não estamos falando de Veja, Época, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Rede Globo, Isto é, NAO! Aqui quero falar de outras, daquela imprensa que não é empresarial, corporativa; que não é vendida; que tem liberdade editorial; que permite que o povo venha a saber dos desmandos dos desgovernos deste país. Uma imprensa que é combativa e autocrítica porque sabe do seu papel social e esta lá com a cara a doces tapas. Falamos de periódicos como Caros Amigos, a primeira à esquerda (essa roubei deles), Revista Forum (em papel reciclado), Jornal Brasil de Fato, Agência Carta Maior, Observatório da Imprensa e, em certa medida, Carta Capital (mas quem sou eu para falar alguma coisa dessa revista!)


Tem muita gente boa por ai, tem blogs como o do economista Nassif que desmacara as falcatruas da menina dos olhos do grupo Abril, a revista Veja. Muitos outros que não citei mas que merecem o nosso apreço, nosso respeito por fazerem um trabalho comprometido, a duras penas, para nos trazer a noticia clara, sem deturpações, mostrando os reais interesses de cada parte e quem sai sempre perdendo nessa história: o povo brasileiro. Isso é um escandalo.


Bom entre tantas mídia alternativas existem duas que fazem anos esse ano: Brasil de Fato e Le Monde Diplomatique Brasil. O primeiro fez 5 anos de muita luta, muita militância e esta aqui. Surgido do meio do Forum Social Mundial, se propos como alternativa à esse mídia mentirosa e carniceira de nosso país. Você pode ir la an redação tomar um café com os companheiros do jornal, vai descobrir o que é ser gente, humano. Más falaremos mais sobre esse importante jornal nacional.


Hoje falaremos de outro importante Jornal que está em sua edição de nº 12, ou seja no seu primeiro aniversário. Parabéns Le Monde Diplomatique Brasil !!! Vocês merecem, do fundo do coração, sempre encharcado de colesterol, toda as congratulações por nos trazerem esse jornal de belo acabamento gráfico e aprofundado e selecionado conteúdo jornalístico. A vocês um brinde de alegria extrema e esperança incontrolada. Provavelmente uma das melhores leituras do mercado editorial brasileiro. Por sua posição libertária, por querer um mundo diferente do perverso que é o nosso, por nos dar belos textos que nos iluminam tanto nessa terra de cegos que se querem assim. Muitos anos de vida!
Para os que tiverem curiosidade de conhecer este e outras mídias alternativas vire seu olhar à esquerda e clique nos links ai.
Bueno agora vou reproduzir uma matéria da Agência Carta Maior de 23/07. Uma análise do ensaísta espanhol Eduardo Subirats sobre os genocídios da humanidade. Intrigante e triste.
LÓGICA DO GENOCÍDIO

O legado de Auschwitz
No início do século 21, é difícil acreditar que a lógica do genocídio tenha chegado ao fim. As guerras dos Bálcãs, as atrocidades que ocorreram em sucessão na África, e as guerras do Iraque e do Afeganistão representam uma espantosa regressão histórica. Os massacres e genocídios, os deslocamentos forçados de milhões de pessoas e o confinamento em campos de concentração e de refugiados não pararam de crescer nos últimos anos. A análise é do ensaísta espanhol Eduardo Subirats.

Eduardo Subirats*

Os reiterados tributos oficiais às vítimas dos campos de concentração europeus criados durante a Segunda Guerra Mundial deveriam indicar que se poria um fim à sua lógica do genocídio. No início do século 21, contudo, é difícil acreditar que este seja o caso. As guerras dos Bálcãs, as atrocidades que ocorreram em sucessão na África, e as guerras do Iraque e do Afeganistão representaram, neste sentido, uma espantosa regressão histórica. Os massacres e genocídios, os deslocamentos obrigados de milhões de seres humanos, o confinamento massivo em campos de concentração e de refugiados, e, não em último lugar, os movimentos migratórios provocados pela pobreza e pela destruição ecológica não pararam de crescer nos últimos anos.
Segundo dados facilitados pelo Committee for Refugees and Immigrants dos Estados Unidos, em 2006 existiam no mundo 33 milhões de pessoas involuntariamente deslocadas de seus habitats originais. Deles, 21 milhões são as chamadas “Pessoas Internamente Deslocadas,” ou seja, relocalizadas dentro de suas próprias fronteiras nacionais. Os outros 12 milhões são refugiados que fugiram para segundos países em busca de segurança política e econômica. O Sudão e a Colômbia são mencionados como exemplos de deslocamentos internos promovidos pela violência militar, com números que chegam aos 5 e 3 milhões respectivamente. A crise humanitária mais recente tem como cenário o Iraque, com 1,7 milhões de deslocados internos e outros 2 milhões que abandonaram o país.
Oficialmente, estas mobilizações são temporárias. Mas em países como a Colômbia, o retorno dos deslocados aos seus lares —em sua maioria, eles são indígenas e mestiços— é impossível, uma vez que suas terras, oficialmente “abandonadas”, foram legalmente apropriadas por corporações e organizações militares. Existem mais de 2 milhões de afegãos em campos e refúgios provisórios há mais de 20 anos. O recorde é dos palestinos, com 3 milhões de deslocados há meio século. O número destes denominados “refugiados perpétuos” no mundo chega a um total de 8 milhões. E estes números não param de multiplicar-se, ano após ano, ao amparo de lucrativas guerras e tráficos humanos.
Nas declarações oficiais, os campos de concentração do nacional-socialismo do século passado são condenados e consagrados como um evento único na história da humanidade, cujos motivos, métodos e objetivos escapam à luz da razão. Implícita ou explicitamente, a responsabilidade por eles é atribuída a desejos perversos e patologias racistas. Contudo, os genocídios industriais do século 20 não constituem um fato isolado. As minas e as “mitas” coloniais da América constituem um paradigma histórico de racionalização militar de um sistema etnocida de produção. As cifras do genocídio colonial americano são imprecisas. Mas os cálculos mais conservadores falam em dezenas de milhões. O tráfico internacional de escravos africanos constitui um prefácio sórdido dos genocídios europeus do século 20, com números também arrepiantes. A própria denominação “campos de concentração” foi cunhada pelo colonialismo britânico na África do Sul antes de ser adotado pelo imperialismo alemão.
Por trás destes crimes contra a humanidade existem, sem nenhuma dúvida, personalidades doentes. Mas seus processos genocidas estão atravessados pela limpa racionalidade que define a acumulação de capital, a expansão de mercados e a concentração de poder e riqueza.
Aproximadamente metade das vítimas dos campos de concentração nazistas eram camponeses eslavos, ciganos e comunistas que a máquina militar devorava ao longo de sua expansão. Seu extermínio estava ligado a um princípio econômico: racionalizar a produção agrária, libertando-a de seus entraves pré-capitalistas. Uma das razões para justificar a eliminação dos guetos judeus da Europa Central era sua forma de vida tradicional, resistente à economia de mercado e às exigências da racionalização industrial da agricultura. Estes genocídios esgrimiram, também, um princípio de segurança: suas vítimas eram potenciais insurgentes contra o sistema que as expulsava de suas cidades e de suas terras.
Apesar de que jurídica e midiaticamente é contemplado como uma realidade aparte, o fluxo migratório massivo dos nossos dias obedece aos mesmos princípios: a expansão territorial de poderes corporativos, crescentes desigualdades econômicas e sociais entre as nações ricas e as regiões neocoloniais, degradação ambiental e violência. Seus números são igualmente perturbadores. Na Europa existem 83 milhões de imigrantes legais e um número indeterminado, entre 4 e 7 milhões, de denominados “sem papéis”. Nos Estados Unidos, a quantidade oficial de imigrantes ilegais chega aos 12 milhões.
Em vez de confrontar as causas desta desordem global, e os interesses econômicos e militares que a sustentam, os líderes mundiais optaram pela criminalização de suas vítimas e pela militarização de seus conflitos. O próprio conceito de “imigrante ilegal” é uma construção arbitrária. O termo foi cunhado pelo colonialismo britânico para combater uma indesejada imigração de judeus para a Palestina nos anos da perseguição nazista na Alemanha. As frases sobre a ameaça que estes imigrantes representam para o mercado laboral, sua viciosa associação com o crime organizado e as retóricas sobre sua não-integração nacional encobrem o real desmantelamento dos direitos humanos em escala global.
Os campos de detenção e concentração e a militarização dos movimentos migratórios gerados pelas guerras, a miséria e o espólio não são, convenhamos, uma solução para estes dilemas. São parte do problema. Somente a confrontação transparente da crescente extorsão econômica das regiões mais ricas do planeta por poderes corporativos multinacionais, das causas reais da deterioração ambiental e dos tráficos de armas e humanos, e somente a implementação de autênticos programas de desenvolvimento sustentável pode pôr um ponto final a esta lógica do genocídio: o legado de Auschwitz.
* Ensaísta espanhol, professor de Filosofia, Teoria da Cultura e de Literatura na Universidade de Nova York
Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores






5 comentários:

  1. O depoimen que deixei no site Carta Maior: "Esse lúcido texto me fez voltar à memóri de outro texto 'Educação após Auschwitz' , de Adorno, onde este pensador descorre sobre os horrores deste acontecimento cruel e como deveria ser a educação depois deste fato a fim de evitar que algo tão desprezível como Auschwitz não ocorra outra vez. Parece que não conseguimos esse esclarecimento ainda. Uma vergonha para o discurso oficial."

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  2. Marcel,

    Que viva então a mídia alternativa!

    Sou leitor da Diplomatique e da Caros Amigos. Além de serem ótimas revistas, elas mostram os fatos da forma que eles são!

    Não a Veja, Época e afins...

    Abraço!

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  3. Caro Amigos mídia alternativa? desde qdo? seu hipócrita do caralho, carta capital? diplomatique? seu pesudo intelectualismo é deprimente, mas se você realmente é capaz de ler alguma coisa por inciativa própria leia Oca.

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  4. Piauí?
    :)

    Jornaizinhos da USP?

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  5. mui bueno su blog, cariño! me gusta mucho. Y me gusta mucho eduardo subirats.

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